Um dia terrível em Areguá, Paraguai

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Com vista para o lago, ruas de paralelepípedos e casas coloniais, Areguá, no Paraguai, parecia o lugar perfeito para um passeio de um dia. Ah, como estávamos enganados... No Paraguai nos encontramos em uma situação rara: em vez de termos várias semanas para explorar o país, tínhamos apenas alguns dias. O tempo e o dinheiro estavam acabando e queríamos ir para o Brasil antes de voltar para casa. Portanto, só pudemos ver uma cidade fora de Assunção, a capital do Paraguai. Consideramos as ruínas da UNESCO de La Santísima Trinidad de Paraná e Jesús de Tavarangue, mas a uma distância de 400 km havia…

Um dia terrível em Areguá, Paraguai

Com vista para o lago, ruas de paralelepípedos e casas coloniais, Areguá, no Paraguai, parecia o lugar perfeito para um passeio de um dia. Ah, como estávamos errados...

No Paraguai nos encontramos numa situação rara: em vez de termos várias semanas para explorar o país, tivemos apenas alguns dias. O tempo e o dinheiro estavam acabando e queríamos ir para o Brasil antes de voltar para casa. Portanto, só pudemos ver uma cidade fora de Assunção, a capital do Paraguai.

Consideramos as ruínas UNESCO de La Santísima Trinidad de Paraná e Jesús de Tavarangue, mas a 400km de distância elas não eram exatamente econômicas em termos de tempo. Em vez disso escolhemos Areguá, uma pequena cidade a 28 km da capital.

Areguá é descrita nos guias com uma variedade de adjetivos sedutores: “ruas históricas de paralelepípedos” e “requintadas casas coloniais” situadas entre “morras verdes” com uma “localização invejável com vista para o Lago Yparacaí”.

Lemos sobre o ambiente da aldeia, o pitoresco cais e como este “atraiu todo o tipo de artistas e escritores ao longo dos anos”. Claro, foi perfeito para uma viagem de um dia.

Chegamos ao Terminal de Omnibus de Assunção no meio da manhã e perguntamos a um segurança onde poderíamos encontrar o ônibus para Areguá. Ele nos enviou para o segundo nível da estação. Lá perguntamos a um vendedor de ingressos que nos mandou de volta para baixo. Lá perguntamos no pequeno posto de turismo e fomos mandados para fora e para o outro lado da rua.

Sinalizamos um ônibus que passava e perguntamos ao motorista se ele estava indo para Areguá. Ele balançou a cabeça e apontou para a estação de trem.

Talvez devêssemos ter interpretado isso como um sinal de que Areguá não era para ser assim, mas perseveramos. Ao voltarmos, avistamos um ônibus com “Areguá” na frente. Corremos entre os veículos que passavam e corremos para pegá-lo. Conseguimos entrar, pagar e encontrar dois lugares.

O ônibus estava lotado, então presumimos que Areguá fosse um passeio popular entre os moradores locais, assim como dizia o guia. Nos preparamos para o passeio de 28 km e calculamos que levaria cerca de 40 minutos.

alt="La Candelaria de Aregua, Paraguai">Atlas e BotasLa Candelaria de Aregua, Paraguai

Quase duas horas depois ainda estávamos presos no limbo do ônibus. Até hoje não sabemos por que demorou tanto. Não havia trânsito e não era como o maldito ônibus Ipiales-Quito, no Equador, que para a cada 10 minutos para pegar vendedores ambulantes. Só posso presumir que ele entrou em algum estranho continuum espaço-tempo e nos cuspiu do outro lado.

Depois de duas horas perguntei novamente ao motorista. “Areguá estava 10 minutos atrás”, ele me disse em espanhol. "O quê!? Temos que parar, por favor!"

Ele derrapou até parar e nos deixou – só nós dois – sair do ônibus. Ficamos completamente incapacitados. O ônibus tinha “Areguá” escrito na frente, havíamos avisado ao motorista que íamos para Areguá e que era supostamente um destino popular entre os moradores locais, mas de alguma forma conseguimos acabar sozinhos nesta estrada velha e empoeirada.

Caminhamos 10 minutos de volta à cidade e paramos, confusos. “Esto é Aregua?” perguntamos a um pequeno grupo de homens reunidos em uma praça. “Si”, eles confirmaram. “Onde fica o centro?”

Seguimos as instruções até o centro e encontramos um pequeno pátio e uma igreja. Tínhamos uma vista do Lago Ypacara, mas não muito mais.

“É isso?” perguntei a Pedro. "Eu penso que sim…"

Pensamos em ir para o lago, mas não conseguimos instruções consistentes e achamos que não seria ótimo de qualquer maneira. Bebemos uma Coca-Cola sem gás em um pequeno café na calçada e demos uma volta rápida pela cidade. Certamente tinha que ser mais do que isso?

antigo=““>Atlas e BotasLago Ypacaraí

Depois de uma hora nos deparamos com a Avenida Mariscal Estigarribia, um pouco mais animada. Este era claramente o centro turístico. Se não tivéssemos viajado duas horas para chegar lá, poderíamos ter apreciado um pouco mais o artesanato e a cerâmica, mas ficamos pegajosos, exaustos e decepcionados.

Vimos uma placa de paella e nos dirigimos para lá com estômagos roncando. Como aprendemos em Assunção, o serviço de restaurante no Paraguai pode ser confuso, e em Areguá não foi diferente. Ao entrar em La Cocina de Gulliver não encontramos ninguém por perto. Esperamos pacientemente e depois gritamos algumas vezes.

Uma mulher corpulenta saiu com uma vassoura na mão, completamente confusa sobre o motivo de dois clientes estarem procurando comida em um restaurante. Pedimos menus, que não havia, então perguntamos o que estava em oferta. Ela nos guiou por uma lista.

Verificamos o preço da paella e ela disse: “Noventa mil”. “Noventa mil?” Eu verifiquei. "Si. Noventa mil."

Por US$ 15, era um pouco mais caro do que nosso orçamento permitia, mas como eu disse, estávamos pegajosos e exaustos, então decidimos nos tratar. Ela nos levou até uma mesa nos fundos, onde outra senhora apareceu e anotou nosso pedido. Escolhemos a paella de frutos do mar.

Ao longo da refeição, a) esperamos 45 minutos pela comida, b) descobrimos que a paella de frutos do mar vem com pedaços grandes de frango que eu não como, c) nossa jarra de bebidas derramou sobre nós, nossas roupas e a mesa, d) fomos transferidos para uma mesa em frente ao banheiro, embora o restaurante estivesse completamente vazio e e) descobrimos que não recebíamos nenhuma bebida substituta, pois ainda havia algumas na jarra.

Nosso educado sorriso britânico corria sério risco de escorregar, então decidimos sair dali. Pedimos nossa conta, que chegou a US$ 40 inesperados.

Agora, considerando que nosso orçamento diário, incluindo alimentação, viagens e acomodação, era de US$ 60, ficamos completamente horrorizados. Raramente, ou nunca, pagamos tanto por um prato principal em Londres, muito menos por um pequeno restaurante de rua no Paraguai!

antigo=““>Atlas e BotasArtesanato e cerâmica

Perguntei por que a conta era três vezes maior do que o declarado. A mulher que nos serviu alegou que a sua colega - agora convenientemente desaparecida - não nos tinha dito que o prato era Noventa Mil, pois era muito mais do que isso.

Não havia absolutamente nenhum sentido em discutir, então pagamos e saímos, nos sentindo mal por termos pago múltiplos do que já era um preço extravagante.

Passamos a meia hora seguinte procurando o ponto de ônibus certo para voltar a Assunção. Enquanto esperávamos, decidimos verificar nossas fotos quando percebemos que o cartão SD estava corrompido. Suando ao sol, preparámo-nos para reentrar no continuum espaço-tempo, jurando que nunca mais voltaríamos.

E esse foi o nosso dia em Areguá.

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Fotografia: Leandro Neumann Ciuffo, Creative Commons
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